¬ Lição de economia nº16: Política cambial (Parte 1 - valorizações e desvalorizações cambiais)


Antes de começarmos a política cambial façamos um breve resumão:


RESUMÃO: as 3 políticas macroeconômicas

  • A POLÍTICA FISCAL (via impostos e gastos públicos) controla o consumo, afetando os salários. Isso afeta: (1) os preços livres, ou seja, e a inflação medida pelo IPC-A (meta oficial do governo); (2) o PIB e emprego, agindo especificamente sobre dois elementos importantes de sua composição: Consumo (60%) + Gastos públicos (20%)

  • A POLÍTICA MONETÁRIA (via taxa selic) controla o consumo, encarecendo o crédito. Isso afeta: (1) os preços livres, ou seja, a inflação medida pelo IPC-A (meta oficial do governo); (2) o PIB e emprego, agindo especificamente sobre dois elementos importantes de sua composição: Consumo (60%) + Investimentos (20%)

  • A POLÍTICA CAMBIAL (via reservas cambiais) controla o dólar, favorecendo ou não importadores e exportadores. Isso afeta: (1) os preços dos produtos importados. Assim desacelera, primeiro, a inflação de custos medida pelo IPA e depois os itens do IPC-A (meta oficial) que tem influência direta ou indireta do dólar; (2) o PIB e emprego, agindo especificamente sobre dois elementos importantes de sua composição: EXPortações (20%) – IMPortações (20%)

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A política cambial

Nossa tarefa agora é entender a Política Cambial e tudo que envolve o assunto dólar.

Câmbio significa troca, no nosso caso troca de reais por uma outra moeda qualquer, principalmente o dólar. Dessa troca, ou do preço do dólar para a troca, temos alguns conceitos relevantes:
    • Valorizações ou apreciações cambiais: é quando a nossa moeda está apreciada, valorizada (ou sobrevalorizada), frente ao dólar ou outra moeda. Podemos dizer também que o dólar está depreciado ou desvalorizado frente ao real, o que dá no mesmo. Ou seja, compramos mais dólares com a mesma quantidade de reais. Observem que a palavra “cambiais” subentende “reais”.

    • Desvalorizações ou depreciações cambiais: é quando o real está desvalorizado ou depreciado frente ao dólar. Dá no mesmo dizer que o dólar está apreciado ou valorizado frente ao real. Várias expressões sinônimas podem aparecer na mídia: “valorização do dólar”, "sobrevalorização do dólar" ou “desvalorização cambial”.

.atenção: podem aparecer ainda as expressões 'subvalorização' ou sobrevalorização'. Quando um jornal mais especializado diz que uma moeda está subvalorizada (valorização de menos) equivale a dizer que ela está muito desvalorizada. Logo, por exemplo, se o real está subvalorizado é o mesmo que dizer que o câmbio está desvalorizado. De modo contrário, se o real estiver sobrevalorizado (valorização de mais) significa que ele está valorizado, portanto, valorização cambial.

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Cotação do dólar
US$1/R$1,40US$1/R$1,60 US$1/R$1,80US$1/R$2,00US$1/R$2,50
Valorizações cambiasDesvalorizações cambiais

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Os efeitos essas valorizações e desvalorizações cambiais sobre o PIB e a inflação podem ser muito fortes, por isso a preocupação do governo em manter um certo controle sobre o preço do dólar. Mas por que o dólar oscila, por que seu preço sobe e desce?

Já explicamos que os bancos são grandes atravessadores e que, assim como um feirante de laranjas, repassam uma mercadoria que compraram, reais. Mas também pode ser o atravessador de uma outra mercadoria, dólares. Compra de quem os tráz pro Brasil (investidores, especuladores, exportadores, turistas estrangeiros etc) e os vende para quem precisara fazer alguma operação em dólares lá fora (importadores, investidores, turistas brasileiros etc).

Há, portanto, um grande mercado de dólar, controlado pelo Banco Central, denominado mercado de câmbio. É nele que as operações com dólares acontecem (compra e venda) e dessas operações sai o preço do dólar, a cotação que vemos na TV ou no jornal. Esse mercado não é um lugar específico, mas lugares onde se negociam dólares, que pode ser em bancos, bolsas de mercadorias, casas de câmbio etc. Como são milhares de mercados, como milhares de feiras vendendo laranjas, é normal que o preço seja um pouco diferente em cada um deles, mas essas diferenças veremos em outra lição.

Os bancos são os grandes agentes que atuam no mercado de câmbio, ou seja, movimentam a maior parte de dólares que circula nele diariamente. Outros agentes também são importantes, como: casas de câmbio (empresas especializadas em moedas estrangeiras, dólar, iene, Yuan, euro, peso etc etc); agências de turismo (também autorizadas pelo BACEN a operar com dólares mas em quantidades menores, como o objetivo de atender aos turistas brasileiros e estrangeiros que compram seus pacotes de viagens); rede hoteleira (comercializam pequenas quantidades para facilitar a vida dos empresários que precisam fazer a troca de sua moeda estrangeira para gastar no país).

Temos, portanto, 5 grandes agentes: o Banco central (agente regulador, via reservas cambiais), Bancos, Casas de câmbio, Agências de turismo e Hotéis. Todos atuam no mercado de câmbio, cobrando preços diferentes para a mesma coisa, o dólar, e veremos depois o porquê disso. O que precisamos saber, por enquanto, é que a maior ou menor quantidade de dólares, assim como de laranjas, é o que determina seu preço num primeiro momento. Assim, muito dólar implica queda no seu preço, que aprendemos a denominar VALORIZAÇÃO CAMBIAL. O real fica forte, valorizado, enquanto o dólar, por estar sobrando, fica fraco, desvalorizado.

Da mesma forma, se a quantidade de dólares no mercado de câmbio diminui o dólar fica forte, caro, que pode ser expresso de outra forma, DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL.

Ou seja, se as entradas de dólares no país forem maiores que as saídas temos uma sobra de dólares, e vice-versa:

Sobra de dólar no mercado de câmbio = dólar fraco/desvalorizado = real forte/valorizado = valorização cambial

Falta de dólares no mercado de câmbio = dólar forte/valorizado = real fraco/desvalorizado = desvalorização cambial

Mas, por que os preços são tão diferentes entre os mercados? Por que existe dólar comercial, turismo e paralelo? Vamos para a próxima lição.

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