Parte 1 - LEI GERAL DA OFERTA E DEMANDA
O ponto
de encontro entre as duas curvas é o chamado ponto de equilíbrio, um ponto no qual oferta e demanda (vontades
dos consumidores e dos produtores) não estão nem acima nem abaixo do esperado, isto é, o preço chegou em um ponto que agrada a ambos. Sendo assim, não há, no
momento, nada que o force pra cima nem pra baixo. Essa consideração inicial é
feita para um bem normal;
ou seja, aquele que reage às variações no aumento, ou queda, na renda (salário)
– veremos que alguns bens não são mais vendidos só porque as pessoas estão com
mais dinheiro (por isso são chamados de bens inferiores). Vejamos a
figura a seguir, lembrando que ela serve para um bem normal:
Essa é
uma das formas de combater a inflação (como veremos em outras lições), que
começa em mercados individuais mas pode se espalhar pra toda a economia.
Todavia, esse processo de arrocho do governo para evitar a elevação nos preços,
acaba vindo com um custo social elevado, já que se os empresários estão
dispostos a ofertam menos uma vez que e as pessoas compram menos. Assim, a
produção tende a diminuir (de 200kg pra 100kg) e o PIB idem, elevando também o
nível do desemprego.
* sobe mais do que proporcionalmente (bem normal elástico, com elasticidade maior que 1);
* sobe menos do que proporcionalmente (bem normal inelástico, com elasticidade inferior a 1)
No caso da energia vemos que é ela um bem normal bastante elástico com relação à renda (elasticidade acima de 1) pois o seu consumo sobe bem mais do que proporcionalmente (isto porque novos eletrodomésticos são comprados, diversas indústrias tem suas vendas aquecidas - tudo isso afeta o consumo de energia). Resultado: com o crescimento no PIB (renda) brasileiro ou o governo investe em geração de energia ou temos apagões. Isso significa que não podemos crescer muito, senão o país, literalmente, trava - já tratamos desse problema de falta de infraestrutura quando discutimos sobre o PIB.
Para um bem normal
A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Voltemos agora aos preços, como citado no ponto 1). Todos os produtos tem a mesma variação no consumo em função da elevação nos seus preços? Isto é, se o preço de um produto cair 10% o seu consumo sobe também em 10%? Não necessariamente! Se isso acontece dizemos que esse bem em particular tem elasticidade igual a 1. Se a elasticidade preço for < 1, chamamos o produto de inelástico, pois uma queda nos preços de 10% eleva o consumo em menos de 10%. Se o consumo, pra essa mesma queda de preço, subir mais do que 10% o chamamos de elástico. Ou seja, seguimos o mesmo raciocínio da elasticidade renda da demanda.
Para um bem normal
Mas, por que falamos de bens com elasticidade > 1, < 1, = 1, ou bens inelásticos? Porque isso não é difícil de ser medido, e os resultados encontrados tem como referência o número 1, representando o 100%. Assim,
Se o preço de um pão de forma for R$2,00 e subir para R$2,20 temos um aumento de 10%. O produtor do pão, ou o supermercado que o vende, identificou que com essa elevação nos preços em 10% a quantidade vendida caiu de 600 unidades para 550 unidades na semana, o que dá um percentual de -8,33%. Já notamos aqui que a elasticidade é menor que 1, pois se fosse igual a 1 a elevação nos preços levaria a uma queda nas vendas de também 10%. Fazendo a conta vemos que a elasticidade desse produto foi de 0,83 (8,33%/10%). Assim, concluímos, a partir da tabela anterior, que esse bem (um bem normal), é elástico, e tem elasticidade < 1.
obs:
notem que a proporção da renda gasta com determinado produto torna a
sua demanda mais ou menos elástica. Uma elevação no preço do sal não
faria com que eu reduzisse muito o seu consumo porque ele representa
pouco do meu gasto mensal Ou seja, o sal tem uma demanda inelástica,
isto é, compro mesmo com a elevação nos preços. É diferente com o preço
da geladeira. Como uma elevação no seu preço comprometeria muito da
minha renda, isso acaba resultando em redução no seu volume de compra.
Isto é, o consumo da geladeira é elástico (sensível às variações nos
seus preços). Podemos concluir, então, que a demanda de um produto pode
ser mais ou menos elástica dependendo da faixa de renda do consumidor.
Parte 3 - ESTRUTURAS DE MERCADO
Vimos na
aula sobre inflação que ela pode vir de diversos pontos. Analisamos cada um dos
pontos pelo aspecto macro, ou seja, global. Não nos interessava lá o comportamento específico de um ou outro mercado, mas o aspecto macroeconômico. Essa vertente da economia é chamada de Macroeconomia, ou seja, que estuda todos os mercados em conjunto, buscando
mecanismos que controlem as decisões não só dos consumidores de café, carros
etc, mas mecanismos que afetem a todos ao mesmo tempo. A partir daí surgem
conceitos como política de juros, política cambial, PIB, inflação etc. Agora
que já compreendemos o aspecto macro podemos nos aproximar mais da relação individual
entre produtores e consumidores (de café, carros etc) e entender como isso
funciona, ou seja, fazer uma análise microeconômica.
Há uma
lei geral da economia, bastante conhecida (que é uma consideração teórica, nada a ver com legislação em si), chamada lei da oferta e da demanda
(já tratamos dessa lei, indiretamente, no nível macroeconômico, quando estudamos inflação de demanda e inflação de choque de oferta). Ela é, geralmente, demonstrada graficamente e o seu objetivo é mostrar como se
comportam vendedores e compradores de determinado produto (café, laranjas,, cosméticos etc). Aqui tentaremos entender o comportamento, principalmente, dos
consumidores.
A curva
de demanda (ou procura, ou consumo), mostra o quanto as pessoas consumiriam
(eixo x) a cada nível de preço (eixo y). Ela é inclinada pra baixo para mostrar
que quando mais os preços sobem menos se está disposto a consumir. Indo um pouco além. Supondo que esse produto seja
a banana maçã, qualquer variável, além dos preços, que afete o crescimento no
consumo (aumento nos salários ou elevação no preço do bem substituto: a banana
nanica, por exemplo) faria com que esta curva se deslocasse, paralelamente, para a
direita. Essa relação é intuitiva,
nem precisaria de um gráfico, pois se temos mais dinheiro compramos mais
produtos (maçãs, bananas, café, carros etc). Ou, se o preço da banana nanica sobe utilizaremos o dinheiro para comprar a banana maçã. Então, notem que queremos
comprar mais bananas, porém ao nível P de preço anterior (como as quantidade
compradas são maiores o preço por nós desejado para estas quantidades está marcado no gráfico
com uma estrela). Porém, é normal que esse aumento brusco no consumo gere uma escassez
de oferta de bananas maçã (como para tomates, mamão, café, alface etc etc etc) e elevação nos preços. Isto porque, como já vimos, os produtores,
na impossibilidade de oferecer mais produtos no curto prazo (por dificuldades na
produção, ou problemas de logística),elevam os seus preços - na verdade, nós
aceitamos esse aumento porque agora temos dinheiro na mão e queremos o produto.
Assim, o
quantidade negociada no mercado sobe, mas não no nível que os consumidores
queriam, exatamente porque a escassez implica um pouco de elevação no preço,
que subiu de P para P’ (ele não consegue se manter no nível marcado com uma estrela). E esse aumento implica na desistência de alguns consumidores. Teríamos, então, um novo ponto de
equilíbrio, com quantidades negociadas um pouco maiores, só que com preços também maiores (P’), isto é, com um pouco de inflação. Observem
que estamos falando aqui exatamente da inflação de consumo das lições
anteriores – a bem da verdade, o conceito de inflação é mais abrangente e não
depende só do mercado de bananas ou laranjas mas, por hora, torna essa relação
micro x macro mais clara. O raciocínio inverso também é possível. Se os
salários são diminuídos, bananas sobrariam e os produtores teriam que reduzir o
preço para vendê-las. Teríamos um novo ponto de equilíbrio nesse esquema, a
preços e quantidades mais baixos.
E o que
acontece com a curva de oferta? Vimos que os produtores estão mais dispostos a
ofertar seus produtos se os preços sobem, e vice versa. Mas, se formos além
dos preços vemos que o seu deslocamento, para direita ou para a esquerda, é
fruto de alterações nos custos, problemas climáticos, mudanças tecnológicas
etc; isso tende a “jogar” a curva de oferta para direita ou esquerda,
paralelamente á curva original.
Vamos a
um exemplo onde as duas curvas se movam, incluindo aqui a atuação do governo
para conter a elevação nos preços (em linhas gerais, inflação).
Imaginemos
que uma exportação excessiva de aço (uma das causas da inflação por choque de
oferta, como vimos) tenha comprometido a produção de geladeiras, fogões etc, mas
a demanda tenha se mantido constante. A curva de oferta (em vermelho) se
deslocaria para a esquerda, fazendo com que o novo ponto de equilíbrio
ocorresse a um nível de preços maior, ou seja, inflação por falta de produto (choque de oferta). Para evitar esse aumento nos preços
(inflação), agora em função da pouca oferta, e consumo superior (mesmo que ele
não tenha se alterado), o governo precisa tomar uma medida. Imaginemos que ele
eleve os juros, (cortar o crédito). Assim, desloca a curva de consumo pra
esquerda (em preto), como já visto anteriormente. Já que a oferta se deslocou
pra esquerda e a curva de demanda também, os efeitos podem se anular, uma vez
que temos menos oferta, mas também menos consumo.
Entendendo melhor o deslocamento lateral das curvas
Qual a diferença entre o deslocamento ao longo da curva e o próprio deslocamento da curva de demanda? Quando fazermos uma alteração nos preços o ponto de equilíbrio se desloca ao longo da curva de demanda porque ela representa uma faixa de salário (renda), ou seja, ela mostra o máximo que o salário das pessoas pode comprar na medida em que os preços sobem ou descem.
Qual a diferença entre o deslocamento ao longo da curva e o próprio deslocamento da curva de demanda? Quando fazermos uma alteração nos preços o ponto de equilíbrio se desloca ao longo da curva de demanda porque ela representa uma faixa de salário (renda), ou seja, ela mostra o máximo que o salário das pessoas pode comprar na medida em que os preços sobem ou descem.
No gráfico abaixo imaginemos o consumo de barras de chocolate. Temos 4 níveis de preços para
dois níveis de renda, que se alteram em períodos diferentes. A curva 1 (em vermelho) mostra pessoas com renda de
$1.000, a curva 2 (em verde) supõe que a renda tenha se elevado de $2.000 (esses rendimentos maiores podem acontecer por uma elevação nos seus salários ou por linhas de crédito mais baratas, como já vimos). Ao preço de $4 vemos
que as pessoas que ganhavam $1.000 estavam dispostas a comprar 200un. de chocolate, ao passo que com o novo salário de $2.000, a quantidade de 500un.
Se os preços subissem para $10, e o salário continuasse em $1.000, elas já não estariam dispostas a comprar nenhuma
unidade, ao passo que com a nova renda a disposição para compras seria de um pouco
mais de 200 un. Notamos então que na medida em que os preços vão além dos $10 só as
pessoas com renda de 2.000 (nova renda) se mostram dispostas a comprar o produto, porém em quantidades menores. Mas, quem ganhava, ou ainda ganha, $1.000 não pode comprar um bem que custa $10? Sim, pode! A questão é que pra essa faixa de renda esse bem já fica muito caro. Alguns eventualmente comprarão, mas não todos. Por isso a curva de demanda pra cada nível de renda mostra uma disposição para comprar, e não uma compra efetiva, já que não sabemos, de fato, como se comportariam cada um dos indivíduos no exato momento da compra. Observem que o mesmo vale para a queda nos preços. Abaixo de $4, por exemplo $0,50
centavos, os indivíduos da curva vermelha se disporiam a comprar cerca de ‘X’ unidades, e os da curva verde ‘Y’, isto por
causa da renda maior.
O mesmo raciocínio se aplica a curva de oferta, que representa uma curva de possibilidade de produção ao longo de determinado período de tempo. Ou seja, pra determinada capacidade ociosa o empresário consegue produzir mais ou menos, de acordo com as oscilações nos preços, ou na renda dos compradores. Se há uma elevação ou redução nos custos de produção (salários, tecnologia e, principalmente, custo de matéria prima influenciada pelo dólar, como visto na lição 4) a tendência é de a curva se deslocar: pra direita mostrando que os custos caíram, ou a tecnologia melhorou, resultando em capacidade maior de produção; ou pra esquerda (aumento de custos, ou tecnologia limitada), denotando uma capacidade limitada de produção, mesmo que a renda dos consumidores tenha subido, e com isso os preços de venda (inflação).
O exemplo acima serve para ilustrar não só famílias cuja renda subiu em determinado período. Explica também como se comportam as classes sociais com relação às oscilações no preço de determinado produto, ou grupo de produtos. Bastaria atribuirmos a cada classe social uma curva específica, de acordo com a sua renda. Teríamos a classe C sendo representada pela curva vermelha, a B pela verde, e a classe A por outra curva, um pouco acima. O resto do raciocínio seria idêntico.
O exemplo acima serve para ilustrar não só famílias cuja renda subiu em determinado período. Explica também como se comportam as classes sociais com relação às oscilações no preço de determinado produto, ou grupo de produtos. Bastaria atribuirmos a cada classe social uma curva específica, de acordo com a sua renda. Teríamos a classe C sendo representada pela curva vermelha, a B pela verde, e a classe A por outra curva, um pouco acima. O resto do raciocínio seria idêntico.
Parte 2 - FATORES QUE INFLUENCIAM AS
DECISÕES DE CONSUMO E COMO MEDI-LOS
ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA (OU EFEITO RENDA)
Vimos,
pelos exemplos anteriores, que não só os preços influenciam na decisão
de consumo, mas também a renda da pessoa, o seu gosto ou preferência, e
até os preços de outros bens. Temos, então, 3 fatores básicos que
afetam o nosso consumo:
1) os preços - como
vimos, somos sensíveis aos preços, isto é, reagimos às mudanças nos
preços das mercadorias e serviços. Veremos que essa sensibilidade pode ser maior ou menor. Os economistas chamam essa maior, ou menor, sensibilidade de elasticidade.
2) a renda (salário):
Quando cresce a renda é natural que o consumo suba, mesmo que os preços
não tenham caído - por isso deslocamos, no último exemplo, a curva de
demanda pra esquerda em função do arrocho do governo sobre os nossos
salários. Essa relação entre aumento/queda no consumo em função do
aumento/queda na renda é chamado de efeito renda.
Um exemplo: se considerarmos que a renda das pessoas cresça em 4% em
determinado ano, em quanto crescerá, por exemplo, o consumo de um “bem”
importante como a energia? O governo mapeou isso e descobriu que se a
renda/PIB (já vimos na lição sobre o PIB que renda e PIB se igualam,
podendo ser tratadas como a mesma coisa) crescer em 4% o consumo de
energia cresce quase 5 vezes mais, ou seja, 20%. Essas variações no
consumo de produtos em função de variações na renda é chamado de efeito renda. Na medida em que mostramos essa relação em números (variações no consumo x renda) temos a tal elasticidade-renda da demanda. Ou
seja, de quanto é o crescimento no consumo (sensibilidade da demanda) a
partir de um aumento na renda das famílias (PIB), por exemplo?
* sobe mais do que proporcionalmente (bem normal elástico, com elasticidade maior que 1);
* sobe menos do que proporcionalmente (bem normal inelástico, com elasticidade inferior a 1)
No caso da energia vemos que é ela um bem normal bastante elástico com relação à renda (elasticidade acima de 1) pois o seu consumo sobe bem mais do que proporcionalmente (isto porque novos eletrodomésticos são comprados, diversas indústrias tem suas vendas aquecidas - tudo isso afeta o consumo de energia). Resultado: com o crescimento no PIB (renda) brasileiro ou o governo investe em geração de energia ou temos apagões. Isso significa que não podemos crescer muito, senão o país, literalmente, trava - já tratamos desse problema de falta de infraestrutura quando discutimos sobre o PIB.
3) influência de outros bens:
os economistas classificam os bens também de acordo com a sua
importância (superiores, substitutos, complementares e inferiores) para
mostrar os efeitos nos consumo deles com as variações nos preços e na
renda. Podemos ter, portanto, várias classificações dos bens (produtos)
em economia:
bens superiores: são aqueles que sofrem alterações no seu consumo quando a renda sobe ou desce.
bens substitutos
são aqueles onde um elevação no preço de um faz com que ele seja
trocado por outro (carne de boi pela de frango, manteiga por margarina
...).
bens complementares:
o consumo de um complementa o do outro, ou seja, o consumo de carros
aquece a venda de combustíveis, pneus, amortecedores, seguros etc etc.
bens inferiores: é
possível a demanda de um produto cair quando a renda sobe? São casos
mais raros, mas é possível. Vamos a 2 exemplos: 1) carne de segunda: só
compramos carne de segunda porque o salário não dá pra comprar carne de
primeira. Na medida em que o salário cresce deixamos de lado a carne de
segunda e passamos a adquirir carne de primeira; 2) bebida láctea: um
tipo de iogurte feito apenas com o soro do leite. Como o soro é um
produto que seria descartado pelas indústrias, elas descobriram uma
forma de aproveitá-lo para fazer um iogurte mais barato, adicionando
sabores artificiais e vendendo para as classes mais baixas. Na medida em
que a renda sobe as pessoas tendem a substituir esse produto por
iogurtes de verdade (feitos com leite e polpa de fruta), que são mais
caros. Esses produtos (bebida láctea e carne de segunda são chamados de bens inferiores, pois sua elasticidade-renda é negativa (< 0), já que um crescimento na renda diminui o seu consumo.
Pra
finalizar, lembremos também que o que compramos nas lojas,
supermercados etc, depende também (além do preço, preço dos substitutos
etc) dos nossos hábitos e preferências, além da publicidade e propaganda
que influenciam esses hábitos e preferências. Ou seja, um produto que é
caro pra um pode não ser pro outro. Isto é, diversos outros fatores
também afetam o nosso consumo: a demografia (crescimento no número de
consumidores), mudanças nos gostos e preferências, o marketing, a
expectativa de variação de preços do produto no futuro, nível de
educação e idade dos consumidores, a moda, o clima, o sexo, a ocupação, a
religião etc.
Do consumo elástico ao inelástico
Ilustremos
novamente com o caso da energia. Já vimos que o seu consumo sobe com a
renda, o que a torna um bem superior. Mas, e se a renda cair? É normal
que o consumo de energia também caia, mostrando que, de fato, a
elasticidade é positiva (acima de 0). Porém, há um ponto a partir do
qual não deixamos de gastar energia, água etc, pois mantemos um consumo
mínimo de energia mesmo que a renda caia mais. Nesse caso, teríamos uma
elasticidade-renda próxima de 0 (zero) - uma queda de 10% na renda, por
exemplo, pode fazer o consumo de energia cair apenas 1% ou 2%. Isto é,
abaixo desse nível de renda o consumo de energia/água acaba sendo muito
pouco sensível, o que torna esse consumo inelástico. Isso acontece
porque quando os bens são muito necessários, variações na renda (ou
preços) não tendem a afetar muito o nosso consumo (não vivemos sem
geladeira, sem ventilador, no mínimo, no verão). Assim, a energia passa a
ter um comportamento inelástico frente a variações na renda, já que o achatamento nos salários provoca uma redução no consumo proporcionalmente menor.
A
bem da verdade, o classificação de um bem depende muito do contexto
social em que estamos inseridos, como visto na aula anterior. Em um
lugar onde o transporte público seja ruim ele é caracterizado enquanto
um bem inferior (subiu a renda eu ando menos de ônibus, metrô etc) pois
vou optar por comprar um carro. Em cidades onde ele funciona bem,
quando a renda sobe é pouco provável que eu gaste esse dinheiro
comprando um carro. Talvez eu apenas utilize mais do transporte público,
ou procure assentos neles com preços mais caros.
Resumo da elasticidade-renda da demanda:
Para um bem normal
Unitária =1: o consumo sobe\desce na mesma proporção da variação na renda
Elástica e > 1: o consumo sobe\desce mais do que a variação na renda
Inelástica e < 1: o consumo sobe\desce menos do que a variação na renda
Para um bem inferior
Elasticidade negativa (< 0): o consumo cai com elevações na renda, e vice versaA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Voltemos agora aos preços, como citado no ponto 1). Todos os produtos tem a mesma variação no consumo em função da elevação nos seus preços? Isto é, se o preço de um produto cair 10% o seu consumo sobe também em 10%? Não necessariamente! Se isso acontece dizemos que esse bem em particular tem elasticidade igual a 1. Se a elasticidade preço for < 1, chamamos o produto de inelástico, pois uma queda nos preços de 10% eleva o consumo em menos de 10%. Se o consumo, pra essa mesma queda de preço, subir mais do que 10% o chamamos de elástico. Ou seja, seguimos o mesmo raciocínio da elasticidade renda da demanda.
Assim, a elasticidade-preço da demanda se comporta da seguinte forma:
Para um bem normal
Unitária =1: o consumo sobe\desce na mesma proporção da variação % no preço
Elástica e > 1: o consumo sobe\desce mais do que a variação % no preço
Inelástica e < 1: o consumo sobe\desce menos do que a variação % no preço
Para um bem inferior
Elasticidade negativa (< 0): o consumo cai com elevações no preço, e vice versaMas, por que falamos de bens com elasticidade > 1, < 1, = 1, ou bens inelásticos? Porque isso não é difícil de ser medido, e os resultados encontrados tem como referência o número 1, representando o 100%. Assim,
Se o preço de um pão de forma for R$2,00 e subir para R$2,20 temos um aumento de 10%. O produtor do pão, ou o supermercado que o vende, identificou que com essa elevação nos preços em 10% a quantidade vendida caiu de 600 unidades para 550 unidades na semana, o que dá um percentual de -8,33%. Já notamos aqui que a elasticidade é menor que 1, pois se fosse igual a 1 a elevação nos preços levaria a uma queda nas vendas de também 10%. Fazendo a conta vemos que a elasticidade desse produto foi de 0,83 (8,33%/10%). Assim, concluímos, a partir da tabela anterior, que esse bem (um bem normal), é elástico, e tem elasticidade < 1.
O
consumo de vários produtos já teve sua elasticidade medida
repetidamente e hoje já são bem conhecidas. O arroz, por exemplo, no
Brasil, tem uma demanda inelástica (como a energia, água etc que citamos
acima). Ou seja, se os preços subirem a quantidade consumida cai pouco,
já que, tradicionalmente, ele não pode faltar na mesa do brasileiro.
A IMPORTÂNCIA DA ELASTICIDADE PARA EMPRESAS E GESTORES
Qual
a importância de se conhecer a elasticidade (sensibilidade) dos
consumidores a determinado produto? Do ponto de vista empresarial é
imprescindível que o gestor saiba se uma redução nos preços da sua
mercadoria afetará muito as suas vendas, e com isso os seus lucros no
final. Até porque são decisões tomadas rotineiramente na empresa,
principalmente, para fazer frente aos concorrentes. Analisemos 2
situações:
1) O que aconteceria, então, com o produtor de um bem inelástico? Se o seu produto for inelástico
(< 1) significa que se aumentar o preço de sua mercadoria a demanda
cai pouco, e vice versa. Logo, pode acontecer de essa elevação nos
preços, e na receita, resultar na perda de poucos clientes, aumentando
assim os seus lucros - podemos incluir aqui as empresas de energia
elétrica, fornecedoras de água, além dos produtores de petróleo, que são
bens tão essenciais, isto é, deixamos de consumir outros pra não ficar
sem geladeira, sem carro etc. Em compensação, se baixar o preço para
atrair mais clientes o efeito é menor que o esperado, diminuindo o
faturamento.
2) De modo contrário, se ele vende um bem bastante elástico
(> 1), quedas nos preços elevam as suas vendas porque a quantidade
de clientes (vendas) sobe mais do que essa queda nos preços, ou seja, a
pequena que na receita por preços menores é mais do que compensada pela
grande quantidade de vendas que consegue. De modo contrário, se elevar
os preços a quantidade vendida diminui muito, fazendo cair a sua receita
(situação oposta ao caso 1 acima).
Parte 3 - ESTRUTURAS DE MERCADO
Já vimos como os preços se
comportam no ambiente macroeconômico (lição 4), fizemos aqui um estudo mais aprofundado no
ambiente micro. Agora podemos analisar como se comportam as empresas, ou
como elas se relacionam com os clientes.
Pra isso os economistas dividem, em linhas gerais, os mercados em 2, ou mais,
estruturas básicas; mercado concorrencial (concorrência perfeita) e monopólios. Observem que estamos falando aqui, em linhas gerais, dos preços livres (concorrência) e dos administrados (monopólios), que compõem os IPC's, com 70% e 30%, aproximadamente.
Vejamos, sucintamente, as características das duas:
Concorrência
perfeita
O nome ‘perfeita’ vem do fato de que nesse
mercado ninguém tem poder suficiente para influenciar nos preços. Os preços
oscilariam unicamente pelas leias da oferta e demanda que vimos acima, isto é,
excesso/falta de produtos ou excesso/falta de consumo. Pra que isso ocorra é preciso
que as seguintes características nesse mercado:
- grande quantidade de produtores, ou seja, quem chega no
mercado já vê que o preço está dado. Neste caso, não tem como, individualmente, influenciar nele.;
- grande quantidade de compradores;
- produto homogêneo, ou seja,
todo mundo produz a mesma coisa, ou coisas muito parecidas. Portanto, seria
indiferente para os clientes comprar de um ou outro produtor. Isso nos impede,
na maioria das vezes, de identificar quem é o produtor (banana, alho, batata etc);
- custos de produção parecidos;
- ausência de barreiras à entrada
(fácil entrar para produzir) ou barreiras à saída (fácil a saída do mercado, já
que os custos envolvidos na produção n são tão grandes). Ou seja, todo mundo
conhece o preço, o custo de produção e a tecnologia do processo produtivo. Caso
existissem, além dos custos e da tecnologia, as barreiras poderiam ser ainda de
outros tipos como o registro de patentes ou a obtenção de licenças
governamentais;
- ausência de ‘lucros
extraordinários’. Ou seja, como os preços são dados no mercado, e os custos de
produção e tecnologia muito parecidos, um produtor não consegue auferir um
lucro muito superior ao outro.
A questão é, esse mercado existe
na prática ou só no nível teórico dos economistas? Existe, e o exemplo disso é
bem conhecido. Anos atrás (meados de 2013) o preço do tomate disparou. Foi um
período de muita chuva. E muita chuva implica prejuízo nas lavouras (vimos que
o clima é uma das causas do choque de oferta). Com essa baixa oferta os preços
tendem a subir. Até aí tudo bem. Por que os preços caíram bastante nos anos
seguintes? Aí entram as considerações pontuadas acima. Com esse lucro extra
obtido pelos produtores muitos outros, também pequenos, entraram no mercado
porque virou um negócio lucrativo (quem não se lembra das charges mostrando o
tomate valendo o peso em ouro?!). Isso só foi possível porque não há barreiras à
entrada nesse mercado, ou seja, é relativamente fácil converter uma lavoura de
alface em tomate. Bom se muitos produtores entram é normal que na safra
seguinte tenhamos muita oferta, para o mesmo nível de consumo. E muita oferta
resulta em sobra de tomates e queda no preço. Bastou as chuvas voltarem ao
normal que a grande safra de tomate veio. Os preços despencaram a ponto de
muitos produtores jogarem os seus produtos fora porque a receita obtida com
eles não cobria sequer os custos de produção (foi o que aconteceu em janeiro de
2015 em Venda nova do Imigrante, ES).
Os produtos homogêneos, sem
muita diferenciação, encontrados nesse setor também são chamados de
commodities, isto é, produtos sem muita diferenciação e geralmente vendidos
(inclusive exportados e importados) à granel (em grandes quantidades).
Observação: uma derivação da concorrência perfeita, e que fica a
meio caminho da estrutura seguinte, é a Concorrência
imperfeita. Esse mercado é apenas uma derivação do primeiro. Isto é, tem
alguns dos princípios básicos daquele, sendo apenas flexibilizado em alguns
pontos, até porque nem tudo que se compra é tomate. As principais
características seriam:
- um pouco menos de concorrência,
isto porque as empresas tem um pouco mais de poder na hora de influenciar nos
preços;
- produtos com diferenciação (Ex:
produtos de limpeza, higiene pessoal etc);
- o mercado, dependendo do
produto, pode ter maiores ou menores barreiras a entrada;
- pode haver combinação de preços
entre os produtores - uma prática ilegal denominada cartel.
Monopólio
Esse tipo de estrutura é tão
importante na economia que virou um a fonte de inflação particular na lição 4, inflação de lucro, cuja causa básica são os preços administrados (que
já mencionamos no começo deste tópico). Ou seja,
os preços destes monopólios (caso só haja um produtor) ou oligopólios (grupo
maior de produtores, mas com muito poder no mercado) representam, em média, 30%
do que gastamos no fim do mês (energia, água, telefone, plano de saúde, táxi,
combustível etc etc. Logo, suas principais características são:
- único ofertante (ou poucos,
nesse caso chamamos de Oligopólio);
- grande poder no mercado;
- forte barreira à entrada para
os concorrentes. Muito forte para os monopólios (licenças governamentais,
patentes registradas, monopólio estatal, ou o grande volume de capital
necessário para o investimento são 2 exemplos), um pouco menos para os oligopólios.
Observação: como na concorrência
perfeita, também temos um mercado mais flexível com relação aos monopólios, que
chamamos de oligopólios, com as
seguintes características:
- pequeno número de empresas (ex:
indústria automobilística, siderúrgica, de bebidas, bancos, etc)
- diferenciação, ou não dos
produtos. No primeiro caso temos carros e bebidas como exemplo, no segundo
serviços bancários, cimento etc.
- pode ocorrer, o que é uma
prática ilegal, a organização de um grande número de empresas, com produtos
homogêneos, que se unem para definir o preço de mercado. Nesse caso, chamamos
esse oligopólio de cartel. Como exemplo, clássico, temos os postos de
combustíveis.
Duas formas de organização das empresas, devem também ser explicadas:
1) Trustes: eles surgem quando empresas concorrentes se fundem, mantendo sua individualidades (mantendo sua autonomia), como objetivo de controlar a maior parte do mercado e eliminar a concorrência. O truste acaba levando à formação de um grande monopólio. Exemplos: Sadia e Perdigão que formaram a Brasil Foods; Brahma, Skol e Antarctica na formação da Ambev. Outro exemplo de truste foi o trabalhado na lição4, e que teve intervenção do Cade, a compra da chocolates Garoto. Leis antitruste podem, inclusive, ajudar o mercado de trabalho (veja aqui o caso do Vale do Silício nos EUA)
2) Holdings: surgem quando empresários montam uma empresa que serve de gerenciamento das demais, geralmente de setores diferentes. Ou seja, é uma empresa criada para administrar as demais, sendo esse controle efetivado por meio da compra de ações. É uma prática legal, ao contrário dos trustes. Exemplos: i) Grupo Silvio Santos, uma grande holding que controla mais de 40 empresas como: Lojas do Bau da felicidade, emissora SBT, Telessena (liderança capitalização), SSR Cosméticos (dona da maca Jequiti), Hotel Jequitimar etc. ii) Organizações Globo... iii) Grupo Pão de Açúcar, holding que controla a rede Pão de Açúcar, Extra supermercado, Ponto Frio, Casas Bahia etc.
1) Trustes: eles surgem quando empresas concorrentes se fundem, mantendo sua individualidades (mantendo sua autonomia), como objetivo de controlar a maior parte do mercado e eliminar a concorrência. O truste acaba levando à formação de um grande monopólio. Exemplos: Sadia e Perdigão que formaram a Brasil Foods; Brahma, Skol e Antarctica na formação da Ambev. Outro exemplo de truste foi o trabalhado na lição4, e que teve intervenção do Cade, a compra da chocolates Garoto. Leis antitruste podem, inclusive, ajudar o mercado de trabalho (veja aqui o caso do Vale do Silício nos EUA)
2) Holdings: surgem quando empresários montam uma empresa que serve de gerenciamento das demais, geralmente de setores diferentes. Ou seja, é uma empresa criada para administrar as demais, sendo esse controle efetivado por meio da compra de ações. É uma prática legal, ao contrário dos trustes. Exemplos: i) Grupo Silvio Santos, uma grande holding que controla mais de 40 empresas como: Lojas do Bau da felicidade, emissora SBT, Telessena (liderança capitalização), SSR Cosméticos (dona da maca Jequiti), Hotel Jequitimar etc. ii) Organizações Globo... iii) Grupo Pão de Açúcar, holding que controla a rede Pão de Açúcar, Extra supermercado, Ponto Frio, Casas Bahia etc.
Não se esqueçam que vimos na
lição 4 (fontes de inflação), quando falamos especificamente da
inflação de lucro, que ela é tão preocupante que o governo criou mecanismos
específicos para o controle dos preços dos monopólios, como as Agências reguladoras. Além disso o controle do surgimento de novos monopólios também está previsto na nova legislação brasileira antitruste (de 2012). Um órgão ligado ao Ministério da Justiça é responsável pela sua aplicação, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, criado em 1962). Ele tem as seguintes funções:
a) analisar preventivamente atos de concentração empresarial, como fusões e incorporações de empresas
b) punir agentes econômicos que atentem contra a ordem econômica, praticando atos como cartéis ou preços predatórios
c) estimular a concorrência
Obs: veja aqui um exemplo da atuação do Cade na fusão Perdigão x Sadia.
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a) analisar preventivamente atos de concentração empresarial, como fusões e incorporações de empresas
b) punir agentes econômicos que atentem contra a ordem econômica, praticando atos como cartéis ou preços predatórios
c) estimular a concorrência
Obs: veja aqui um exemplo da atuação do Cade na fusão Perdigão x Sadia.
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Parabéns pelo texto, será possível equacionar isso???
ResponderExcluirMuito bacana o texto, para os leigos (como eu) o entendimento flui! =)
ResponderExcluirRola até uma consultoria hem professor ;-D
ResponderExcluirGostei de didática rs rs bom humor é sempre bem vindo e ainda aumenta os resultados rs rs
Parabéns por compartilhar teu conhecimento, o texto é bom e vai ensinando aos poucos o funcionamento da economia para os nao entendidos do assunto.
ResponderExcluirNossa muito obrigada mesmo! Eu não estava conseguindo entender as minhas aulas de economia, mias com seu texto ficou mais fácil, você usa palavras de fácil entendimento, parabéns por esse dom!
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